O trajeto é feito de blocos assentados,
Erguendo caminhos, ora em união, ora isolados.
Cada bloco carrega o peso de uma decisão,
Que inevitavelmente aponta uma direção.
Seja com ajuda ou na solidão,
Depois de assentar, é preciso seguir,
Pois o tempo, implacável, não deixa de fluir.
Ao olhar para trás, após muito caminhar,
Enxergo uma linha torta, difícil de interpretar.
Há trechos amplos, erguidos a quatro mãos,
E passagens estreitas, solitárias, de frágil junção.
Carrego amuletos de cada memória,
Dos blocos e caminhos percorridos,
Fragmentos de tristeza e momentos de glória.
São ferramentas preciosas, uma bússola a me guiar,
Rumo às decisões que ainda hei de tomar.
Cada bloco percorrido é uma memória do que já foi,
E cada bloco por assentar, é uma história que se constrói.
Por isso, tento ser cuidadoso ao escolher,
Carregando as marcas do pesar e do amanhecer,
E guardando a promessa de sorrisos, dias melhores,
E amores que hão de florescer, entre sonhos e flores.
Vejo, à distância, caminhos que deixei para trás,
Trajetos e blocos que não desejo mais.
No íntimo, guardo um sonho a aquecer,
Que o seu caminho, um dia, volte a aparecer.
Mesmo de longe, se te vejo sorrir,
Sei que estás feliz, por teu rumo a seguir.
Mas confesso, no fundo, que ainda prefiro
Que nossos passos sigam o mesmo destino,
Pois é o que sempre quis — teu trajeto junto ao meu,
Para que possamos assentar nossos blocos: os meus e os teus.