No vendaval, no meio do caos, quando tudo beira o limite de um colapso que vai desnortear bússolas, vem a paz.
O choque quando não havia mais pulso. A reação dps de meses sem batimento.
Meu coração parou, e foi uma morte longa. Doeu, e se manteve. Ser adulto e relativamente maduro garantiu que não fosse a pior, mas a mais longa.
Depois de tanto tempo com a linha isoelétrica sem vibração, a verdade trouxe pulso. Foi a adrenalina injetada para arregalar os meus olhos e puxar fundo o ar quando eu já não respirava mais.
Eu falei eu te amo uma, duas, três vezes. Falaria 1 milhão. Eu falei a verdade óbvia, mas que nunca tinha sido dita. Foi a adrenalina. Era isso, ou morte.
Quem volta a viver, depois de tanto tempo morto, não tem mais tempo para perder e deixar passar. Não pode ficar preso na armadilha plantada por si mesmo. Não pode viver moribundo como se não houvesse saída.
Eu parei com meus antidepressivos, que me dopavam e me transformaram em um verdadeiro bunda mole incapaz de me permitir tomar decisões drásticas. Eu matei meu casamento que já tinha morrido desde fevereiro quando eu percebi que eu não existia mais. Faltava puxar o gatilho, e eu puxei.
Eu falei eu te amo uma, duas, três vezes. Falaria um milhão, pq falei a verdade. Pq é a verdade.
E eu não estou me importo muito com o resultado, eu só entendi o que eu quero, o que eu sou e eu vou brigar por isso.
Eu revivi para viver as parábolas mais intensas que a vida pode me entregar. Quanto maior o sinal, quanto maior o pulso, quanto maior a frequência, mais vida. E nesse momento eu sou pura vida. Pura vibração.
Eu não sei o que vai acontecer, mas já aconteceu.