De longe, você me vê mas não me enxerga mais. Me assiste desaparecendo, pedaço por pedaço, dentro de você. Testemunha meu mundo desmoronando, de mãos atadas e impotente, incapaz de me alcançar para fazer o bem que lhe é habitual. Você me vê sangrando, com o coração partido. Observa atentamente meu caminhar sinuoso, ferido, minhas mãos trêmulas e minha fala confusa, disléxica. Você sabe onde estou. Já esteve aqui algumas vezes, assim como eu… mas desta vez é diferente.

Você acompanha os meus rabiscos confusos e meus caminhos tortuosos mais recentes, sem culpa, mas com medo do que o destino me reserva. Você testemunha minha solidão, meu isolamento e a vida se esvaindo sem requerer a morte. Você vê o rio de lágrimas secas e os estilhaços das decisões ruins do que eu fui e do que eu queria ser. Você me observa onde estou, entre o passado e o futuro no pretérito, de longe, Porque não pode mais estar aqui. Porque não quer mais estar aqui agora… e eu entendo.
Você viu os caminhos se separando, passivamente, e não se pôde fazer nada pelas más decisões dos outros, além de observar, lamentar e seguir em frente.”

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