Inicia-se uma árdua batalha para traçar palavras quando a sensação é o vazio absoluto. A minha tristeza transformou-se em apatia, tornando-me um deserto. Não há temor, não há melancolia, não há regozijo, não há gratidão.
Esperança, uma amiga outrora íntima, se esvaiu, e com ela parti para a terra desolada do nada: uma escolha pungente feita para preservar aqueles que amo das feridas que inadvertidamente poderia causar. Deixarei de ser a fonte dos problemas ao custo de minha própria voz.
Optei por me aprisionar em uma torre de isolamento, paradoxalmente no instante em que anseio por companhia. Há tempos, porém, caminho pela senda da solidão, com apenas meus próprios ecos como consolo. Há dias, o sono se tornou um fantasma evasivo, pois carrego o fardo da injustiça. Sinto-me maculado por ter sido a fonte de desassossego e dor. As melhores intenções do mundo não conseguem alterar a realidade dos fatos.
O pensamento de rendição, há tempos banido da minha vida, retornou como uma aparição fantasmagórica da minha fraqueza. Do fundo do abismo que criei para mim mesmo, tudo parece hercúleo e sinto-me sem ar, sem vigor, sem a chama da motivação.
Não me permito ao luxo da saudade. Sinto que perdi o privilégio de experimentar qualquer sentimento. Talvez minha existência pertença a algum lugar que não este, onde meu rastro não cause estragos.
Que o divino proteja os corações daqueles que amo… de mim mesmo.