Sou fascinado pela mensagem de Star Wars muito mais do que pela ação do filme. Admito que meu espírito nerdola saudosista faz eu gostar mais dos episódios 4, 5 e 6 (conhecidos como os velhos), mas em especial os episódios 1, 2 e 3, que contam como Anakin se transforma em Darth Vader, é que tem uma mensagem que me encanta: o momento da corrupção do homem, seja pelo medo, pela vingança, pela cobiça ou por 3 centavos de dolar.
Anakin é o Frodo que perdeu a batalha para o anel. Não atoa o Darth Vader é de longe o vilão de ficção mais famoso da história do cinema.
Citei o Frodo do Senhor do Anéis acima pois é bem possível encontrar um paralelo entre os dois filmes a partir dessa perspectiva: o bom e o mau.
Ambas as obras inclusive se inspiraram em conceitos na Biblia – Tolkien inclusive era um cristão ferrenho – para navegar por esse assunto tão espinhoso, e criaram dentro do seu universo algo tão simples e tão denso: um poder incrível que pode ser corruptível por um sentimento ruim. Um anel poderoso que transforma o mais puro dos seres em um ser movido pela cobiça e o desejo de poder.
Eu amo a ficção e como ela explora os sentimentos humanos de forma inimagináveis, entregando sempre algo impossível de ser alcançado em uma narrativa normal.
Dito isso, por que todo este floreio ?!
Para dizer que eu gosto de entender exatamente o que há entre o bom e o mau dentro da ficção. Essa zona cinzenta, também muito explorada no cinema e em séries como The Walking Dead, para mim é onde você consegue espremer o que nós somos: Nem tão bons e nem tão maus.
Nessa zona cinzenta é onde eu vivo a maior parte dos meus dias. Muitos pensamentos e sentimentos maravilhosos tomam conta de alguns momentos e muitos pensamentos e sentimentos ruins tomam conta em outros.
“Ah, mas isso é normal”. Concordo. Clichê inclusive. Mas vem ver o megafone que tenho aqui dentro queridão. Vem ver como eu vejo.
As vezes queria ter a pureza sem malícia de um Jedi e ser simplesmente bom. As vezes eu queria ser um grande filho da puta e tocar o foda-se como um Sith.
Eu sempre me identifico com o personagem que é um grande cuzão mas que carrega dentro de si uma bondade não muito compreendida, mas existente. Recentemente assisti Cyberpunk Edgerunners e simplesmente me reconheci no personagem principal – David Martinez – por ele ser exatamente assim: Bom, mau, amável, cuzão, introspectivo, extrovertido, animado, triste, determinado, inescrupuloso, guerreiro e eternamente apaixonado. Um paradoxo ambulante e admirável. Ele termina a série com seu corpo completamente destruído para salvar aqueles que ama, e a única coisa que você não dúvida na série toda é que ele faria isso quando fosse necessário.