Tenho evitado exagerar, tomando cuidado para não cair nas armadilhas que eu mesmo armo sobre as verdades que eu quero acreditar. Percebi que não existe um jeito fácil de ver a vida sem uma lente viciada de crenças e desejos, então tento não exagerar. Me coloco em terceira pessoa para tentar ao menos achar um equilíbrio, mas o quanto também isso é uma lente para reforçar minhas crenças?
No fim sobra para a lógica e a especulação – e é possível especular de forma lógica, então prefiro criar marcos de validação naquilo que quero comprovar.
Vou dar um exemplo: eu especulei para mim mesmo que a Ale não queria passar o ano novo no meu ambiente, com minha família, pela postura dela de não se contentar com nenhuma proposta, então acompanhei o desdobramento da situação até ela oficialmente tirar o corpo fora em mais um migué inacreditável – a família dela propôs algo morno, e ela aceitou sem questionar. Confirmou a minha especulação, virou razão – bem frustrante aliás.
Com esse exemplo fica fácil me entender e entender como eu funciono quando não tenho o domínio da situação. Se eu estou com dúvidas e percebo que perguntar de forma direta talvez não reflita a verdade, eu espero para comprovar o que especulei. Eu sempre vou analisar atitudes muito mais do que palavras. Eu sei que é clichê, mas eu genuinamente funciono assim – inclusive raramente me ofendo com palavras.
É arriscado, eu sei, mas é meu jeito de ver aquilo que dificilmente alguém vai me falar, e meu jeito de encontrar respostas para as perguntas que só atitudes vão responder. É assim que eu vejo as coisas.
Sabe onde está o veneno de ver assim?! Na dose e na intensidade, tentando tirar a paixão por uma ideia especulada, quando dá. Como falei no começo: evitando exagerar.