Hoje eu queria ter aberto mão de todos os meus problemas e focado só na minha mãe. Não que eu nunca tenho falado dela por aqui, só nunca é demais declarar o amor que sentimos por alguém, especialmente quando admiramos essa pessoa e somos parte dela. Mas não deu.
Não passei o dia todo com minha mãe, infelizmente. Ontem, depois de uma choradeira e um descontrole emocional que já virou rotina na minha casa, tive que organizar a confusão de “como vai ser o dia das mães”. A Alessandra queria almoçar fora (o que costumo chamar de B.O. em datas como essa). Depois, quinta feira, quis organizar um almoço na casa da mãe dela. Ontem ela me questionou se minha mãe iria e eu disse que duvidava pq a mãe dela costuma chamar mais família. De imediato, sem pensar duas vezes, ela falou “Então vou chamar a Tati” (Prima que perdeu a mãe, que já puxa o Pai e o irmão para eventos como esse).
O motivo para minha mãe não ir é exatamente esse: eles chamaram uma parte da família maior do que apenas nós em uma semana que minha mãe fez quimioterapia.
Eu já tinha explicado e para variar fiquei sabendo de meia história: eu não sabia que elas esperavam uma posição da minha mãe para decidir se chamavam outras pessoas. Na quinta, a Alessandra tinha dada como certa a ida de mais gente e eu tinha dado como certo que minha mãe não iria por causa disso.
SIM, é tudo muito imbecil e eu me sinto na sexta série discutindo qual lanche do amiguinho é mais gostoso sem abrir a lancheira. A questão toda gira em torno da prioridade aí, e isso foi um ponto crítico que inclusive foi um dos motivos do meu pedido de divórcio.
Fiquei PUTO. Fiquei na verdade MUITO PUTO. Tão puto que fui passear com o Lino para ver se melhorava e passei mal na rua de ansiedade. Dormi puto com a falta de sensibilidade, e com a choradeira infantil de quem cria problemas e não foca em resolvê-los.
Acordei hoje com a clássica pergunta de quem criou um problema e não quer decidir: “O que você vai fazer ?”. Eu juro q minha meta era ficar de pijama até 12h e ir para a casa da minha mãe. Daí veio a proposta: “O que você acha de irmos na minha mãe e depois passamos na sua”….passamos…tsc tsc tsc.
Admito que escolhi ser cuzão hoje: aceitei a proposta por alguns motivos. O primeiro foi para que ela visse como a mãe e irmã dela estavam me tratando e ter a dimensão da cagada que ela fez, mesmo eu sabendo que fim isso tudo vai levar. O segundo foi analisar a prioridade. O que significa “passamos na sua mãe” em termos de tempo?
Apesar de curioso com essas respostas, já adiantei no carro mesmo o discurso: “Eu acho desproporcional o que você propõe e acho que mais uma vez a prioridade vai para sua família. E não estou falando da sua mãe, que é prioridade hoje.”. É um filme de merda que se repete. É um retrocesso na minha vida.
A minha sorte é que minha mãe, que já sabe me ler muito bem, falou para eu ir na boa e dps passar lá.
Já não bastasse eu estar PUTO…ainda tive que cozinhar pq o “Risoto do Leandro é o melhor”. 3 panelas e 1.5 kg de arroz arborio para um monte de gente que não move um dedo. Eu AMO servir os outros, mas não quem não olha no meu olho e não tem culhão de falar o pq.
Chegamos as 13h e fomos embora as 19h, e se concretiza a profecia da desproporcionalidade. Nem gastei energia falando nada, mas fica evidente em momentos como esse o quanto minha família não existe justo no momento em que estamos mais unidos. É mais um lembrete de que não há tempo a perder com essa situação toda.
Mas o alívio sempre vem quando estou com meus irmãos e mãe. Ao menos pude curtir algumas risadas e as minhas brincadeiras de sempre. Não pude entregar o presente que compramos e nem almoçar com ela, mas pude abraçar ela e tirar um pouco do mau humor depois de um dia que honestamente queria esquecer.
Talvez eu precisasse do dia de hoje e de tomar uma decisão contra o razoável, mas não vou mais fazer isso pelo meu próprio bem.