Tomei um tempo hoje para apreciar a natureza no intervalo das 3 reuniões seguidas que tive. Sentei na beira do lago e fiquei olhando os pássaros na árvore esperando para descer e se banhar na água, ou para pegar a comida que eu coloco para eles no comedouro.
Eu gosto de pássaros pq eles podem voar e serem livres. Alguns escolhem viver no mesmo lugar, cercados das mesmas coisas, valorizando seu espaço, seu ninho e sua família – que no caso deles normalmente varia de primavera em primavera. É curioso como um animal que pode voar e viver onde quiser prefere viver no mesmo lugar. Alguns outros, mais raros, atravessam continentes inteiros e viajam o mundo para completar seus rituais.

Parei para pensar que não somos muito diferentes – alguns de nós tem raízes e alguns tem asas. Alguns apego e outros, independência total. Alguns vivem para sobreviver, outros para existir.
A natureza nos ensina pela observação que tudo está conectado. Deus é realmente incrível ao tecer essa rede de equilíbrio e nos permitir reflexões tão profundas diante das belezas que criou.

Refleti sobre isso enquanto o café ia esfriando. Não me importo de toma-lo um pouco mais morno por conta da filosofia. No fim, é ela que me faz ver como posso ser duro e gentil comigo mesmo. Ontem fui duro, hoje estou sendo gentil.

Tenho cada vez mais certeza do que eu quero para mim. É engraçado que quando a gente tira o ruído, o que a gente quer é cada vez mais simples. Saem as expectativas, fica a essência da nossa busca.
A minha busca não é por paz, mas por amor. Por viver compartilhando o que eu tenho de sobra, independente de ser reconhecido. Por continuar amando a quem faz meu coração bater, e também parar. Por continuar recebendo a força que ele me dá.
Posso ser duro comigo as vezes quando estou perdido e confuso. Posso ser duro com os outros também. Mas quando eu coloco meu amor na frente, vejo claro o caminho que ontem se escondeu. Estou aprendendo a respeitar o meu amor para aprender a valorizar mais quem eu sou.

“Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou de mais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.”

As sem-razões do amor
Carlos Drummond de Andrade

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