Existe uma grande quantidade de sentimentos que consigo controlar, assimilando suas causas e buscando assim um possível remédio – isso quando o sentimento em si não é o remédio que eu precisava. No geral, quando se trata de sentimentos considerados ruins – tristeza, descrença, agonia e etc – eu costumo encontrar uma saída coerente que me faz enxergá-los como um motor que vai me dar uma propulsão na direção dos meus objetivos. Funciona bem e só estou onde estou pq vários sentimentos ruins me impulsionaram a buscar soluções e ser melhor.
Alguns sentimentos, porém, me bagunçam porque não consigo defini-los como bons ou ruins. Na verdade eles estimulam outros sentimentos que podem ser bons ou ruins…e é o caso da paixão.
Eu sou um apaixonado pela vida. Admiro a natureza e a beleza das coisas. Eu consigo olhar para um céu e suspirar feliz por admirar cada estrela e pensar sozinho o quanto aquilo me faz sentir bem. Isso é coisa de gente apaixonada, e é gostoso pq não envolve reciprocidade – você já está sendo recompensado por aquilo que te fez suspirar.
Se apaixonar por uma pessoa é muito mais complexo e envolve uma verdadeira montanha russa de altos, baixos, escolhas e consequências. Não sou um cara que me apaixono muito fácil, especialmente pq já sofri muito no passado por isso. Eu tenho minhas travas que me fazem trazer para o racional e buscar lógica naquilo que eu sinto. Na maioria das vezes percebo que é uma cilada (bino) e consigo me desvincular de um sentimento enganoso. De vez em quando, não consigo.
Quando existe encaixe lógico entre os meus sentimentos, os meus valores e as minhas crenças com uma paixão, eu me permito ir além da minha razão e flutuar em um sentimento que é para ser vivido na intensidade que se impõe. Minha razão – que era crítica – começa a me incentivar a gerar situações que eu sei que serão especiais. Me permite fazer propostas e mais propostas só para estar perto. Só para estar junto. Se frustra com cada “não” e comemora cada “sim”. Enfim…
Minha razão deu um toque para minha frustração e me colocou em uma encruzilhada lógica: Estou sendo justo ?
A resposta é não.
Eu estou sendo justo comigo quando deixo os meus sentimentos falarem depois de tantas travas e crivo internos, mas não posso ignorar a minha situação. Sou um quase divorciado que vai ganhar esse carimbo no currículo e isso vai dificultar bastante a minha vida – já dificulta.
Eu posso me permitir me apaixonar, mas e o outro lado ?! Vai se permitir ou vai me repelir pelo contexto/situação ?
Eu não posso dar essa resposta. Posso, no máximo, entender isso e amansar, contra a minha vontade, o meu anseio, controlando a minha paixão depois de ter voado em picos bem altos sem sequer fazer nada.
Faço isso por zelo e amor do que eu não entendo ainda. Eu conheço muito bem os meus sentimentos e sei que eles não estão me traindo – mas eu não sei qual é a opinião que não é minha. Também tenho uma boa percepção, mesmo que retardada por um sentimento tão intenso. Mas não posso resolver os anseios do lado de lá. Não sei se sequer existem. Não se é injusto subentende-los.
Minha vontade era pisar no acelerador, mas talvez eu precise pisar no freio por respeito. Também para ter respostas e para responder perguntas que não vão ser feitas por mim.
Dentro de mim mora a chama mais intensa que eu poderia sentir. Cunhada de verdades e respostas feitas em cada detalhe para se enraizarem lá no fundo do peito.
Isso não vai morrer. Eu sei que não.