Fazia tempo que eu não tinha um tempo de convivência com minha família completa. Estou falando de minha mãe, meu pai e meus irmãos. Acho que a última viagem que tivemos juntos foi em 2001, naquela época meus pais ainda eram casados e fomos para Tabatinga, último bairro de Caraguá antes de Ubatuba. Lembro que eu e meu pai pilhamos de enfiar o carro no barranco, e obviamente o fizemos, o que levou minha mãe a xingar a gente aos gritos enquanto o carro ficava de lado no meio de uma trilha.
Fomos recompensados por uma linda praia deserta – e centenas de borrachudos que vieram do inferno para sugar nosso sangue. Foi uma viagem boa. Talvez a última vez que viajamos como família e que estivemos como família.
Meus pais se separaram oficialmente em 2006. Sempre mantiveram contato e viveram pesadelos diferentes. Meu pai se casou de novo (inclusive fui padrinho dele) e se separou de novo mais recentemente – ainda não no papel. Minha mãe se manteve solteira e sofreu em silêncio todos esses anos o fim do casamento. Eu sei que ela sofreu apesar de ela sempre negar e sei que muito da depressão que ela desenvolveu foi por causa disso. Arrisco dizer que até a doença.

Enfim, depois de 12 anos em que eu tive que me dividir em 2 e pisar em ovos para manter a boa convivência com meus pais, vamos nos reunir para um fds juntos. Vamos celebrar a vida da minha mãe, venha o que vier nesse ano. Vamos celebrar a existência dessa família, cada um do seu jeito e cada qual com suas qualidades e defeitos.

Há 2 dias postei um texto aqui falando sobre a vida surpreender nos detalhes do roteiro, mas que o importante é o objetivo estar apontando na direção certa. Pois minha bússola sempre foi e sempre será minha família. Nós todos estamos vivendo um momento muito diferente do que em 2001, onde erámos a típica família tradicional BR. Hoje minha mãe enfrenta um câncer. Eu, uma separação. Meu irmão enfrenta seus demônios que a cada dia se mostram mais indomáveis – ele realmente precisa de ajuda e eu não sei como ajudar. Minha irmã enfrenta o preconceito e a dificuldade de encontrar alguém que não queira só curtir a vida. Meu pai enfrenta a si mesmo em um momento de solidão.
Nenhum de nós está no melhor momento da vida, mas estaremos juntos novamente em um momento que talvez a oportunidade de revermos nossa vida enquanto família. De renovarmos a união que só aparece no Natal ou em eventos aleatórios no ano.

Eu torço por cada um deles. Eu faço tudo por cada um deles. Eu amo cada um deles e amarei até o fim dos meus dias nessa terra.

Agradeço a Deus pela família que me deu mesmo com todos os defeitos e todos os problemas. Espero te-los ao meu lado ainda por muitos e muitos anos. E mesmo que não tenha, sei que fiz tudo por eles e continuarei fazer, pq eu acredito na família.

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