Solidão: Dos medos, era o maior que eu tinha e em nenhum cenário eu conseguiria me imaginar sozinho. Eis que comecei a perceber que existe uma vida sem os outros e que sou eu que estou no controle dela. Isso foi em 2017, quando saí da casa dos meus pais e resolvi me arriscar morando sozinho. Me orgulho muito de ter conquistado praticamente tudo do zero: TV, móveis, máquina de lavar roupa, geladeira (O item mais importante de uma casa de longe) e etc. Foi uma construção gradual, algumas coisas no precinho e outras novinhas, como um sofá que até hoje me arrependo de ter comprado (vendi para minha faxineira por 1/4 do preço e não me arrependo).

Eu era muito feliz sozinho e apesar de receber visitas e adorar quando elas dormiam por lá, eu vivia bem comigo mesmo naquele apartamento de 70 metros quadrados. Era eu no controle e a frente de demandas que nunca havia me sujeitado antes: reparo de banheiro que quebrava, rejunte de box que estava vazando no vizinho debaixo, elétrica mal feita. Tudo coisas que eu poderia ter contratado alguém para resolver, mas que eu quis colocar a mão na massa e aprender a fazer – e virou um dos meu hobbies prediletos arrumar coisas da casa. Fora a organização das contas que foi o que eu mais aprendi a fazer e a me regrar naquele período: nunca tive medo de olhar a conta bancária e fazer contas e projeções.

Depois que me casei, as coisas mudaram um pouco em relação a fazer o que bem entender, o que é compreensível já que agora eu divido o espaço com outra pessoa. Raramente tinha a sensação de estar pleno em casa pois sempre tinha alguma coisa para fazer que demandava urgência, e passei a me sentir pressionado o tempo todo (um dos pequenos motivos que fizeram e fazem diferença na separação inclusive).

Pois voltei a estar sozinho, e claro que estes primeiros dias têm sido estranhos: essa casa é grande e o Lino não está aqui durante o feriado. Tudo isso poderia me dar algum gatilho de ansiedade e um sentimento de solidão, mas não. Eu me sinto ótimo. Ter o controle das coisas. Saber que tudo vai ficar onde eu deixei. Poder fazer o que eu quiser em casa e não ter que me preocupar. É como se eu voltasse a 2017 no momento em que construí a minha vida, mas agora sinto que é reconstruir.

Eu sou do time que acredita que um dos sentidos da vida é compartilha-la, e gosto de compartilhar a minha alegria sempre que posso com todos que posso. Gosto de ser gentil e atencioso com todas as pessoas que eu amo. Mas como é bom estar em paz comigo mesmo, vivendo em solitude. Mesmo que seja apenas por um tempo, e mesmo que seja muito recente, é bom saber que esse sentimento está aí, firme, e que eu estou bem.

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