Sempre gostei de observar como os melhores distribuem bem a energia que gastam para as demandas que consideram importantes ou não importantes. Considero a boa gestão de energia uma das chaves do sucesso para qualquer aspecto da vida: Trabalho, família, relacionamentos e etc.
Resolvi falar sobre isso pois tenho notado que atualmente faço uma gestão de energia melhor do que fazia há 5 anos atrás. Gasto menos energia onde não vejo futuro e gasto muita energia nas coisas que acredito e que me dão respaldo. Não me importo de gastar alguns cartuchos a mais por realmente acreditar em alguma coisa, mas é preciso saber a hora de parar e é aí que entra a maturidade: a vida é curta demais para perdermos tempo em situações infrutíferas, e quanto mais velho eu fico, mais me esforço para identificar isso antes de prosseguir.
Apesar de achar que sou detentor de uma energia ilimitada, entendi que ela na verdade é limitadíssima e que demanda reciprocidade para se abastecer: Se eu trabalho mais do que deveria, espero ser reconhecido por isso. Se dedico o meu tempo com conselhos, espero que ao menos algum seja seguido. Se tenho dedico o meu tempo a dar atenção para alguém que acho especial, espero que alguma atenção seja dada de volta.
Esse é um dos parâmetros que uso para saber se vale ou não a pena continuar a investir em uma determinada ideia. Simplificando: Ter a clara sensação de avanço.
Disto tudo isso, eu me preocupo com pessoas que amo que gastam muita energia em coisas que não merecem tanta atenção, e nesse contexto falo do meu pai. Ele tem estado mais carente do que de costume e percebi que minha relação com ele tem sido MUITO DIFÍCIL. Parece que o que eu e minha mãe melhoramos, eu e meu pai pioramos. Ele começou a ficar repetitivo e está sempre gastando munição com sofrimentos que seriam resolvidos se ele falasse para as pessoas corretas.
“Po, seu irmão é foda, se comprometeu com isso e agora fala que não consegue” – Meu irmão não faz ideia que meu pai pensa assim. Eu não tenho poder de ação nenhum sobre isso pq é sobre meu irmão. É um resmungo que seria muito melhor aproveitado se fosse falado diretamente para meu irmão.
Essa é uma das muitas formas que meu pai potencializa sua própria frustração – e ele passa o dia gastando energia remoendo elas. “Deixei um recado para o Advogado e ele não retornou, porra, é urgente”. “Preciso de ajuda do psiquiatra e ele não retornou. Depois se diz amigo”….energia mal desperdiçada.
Tenho tentado agir como catalizador, tentando transformar essa energia mal gasta que culpa os outros em reflexões para que ele enxergue que as pessoas tem o tempo delas. No caso do Advogado, lembrei ele que o médico da minha mãe bloqueou ele por causa de atitude semelhante – a persistência implacável. No caso do psiquiatra, conversei pessoalmente com ele para dar uma atenção para meu pai. O psiquiatra retornou hoje para meu pai, marcando a consulta para amanhã – e hoje meu pai reclamou disso novamente e eu bati na mesma tecla: Deixe as pessoas agirem no tempo delas e não no seu.
No final do dia, em reflexão, percebi que superei meu pai na gestão de energia. Percebi que meus dias são muito mais positivos do que negativos pq não crio um senso de urgência para tudo que aparece neles. Queria muito que meu pai aprendesse e passasse a ouvir mais daqueles que aprenderam a lição. No meu caso, eu aprendi de tanto observar meu pai gastando demais onde não merecia sequer um olhar.