Hoje acordei reativo e impaciente, me perdendo por alguns instantes entre a cólera da indiferença alheia e a hipérbole do desespero de quem se importa. Me vi, entre a cruz e a espada. Me vi nos 2 extremos e inquietei-me pois não era eu mas eu me vi ali.
É assunto recorrente entre textos e rascunhos o ser pelos outros ser bonito. Com um pouco mais de zoom, o efeito da ansiedade de não poder escolher pelos outros mesmo fazendo por eles é devastador. O espírito precisa estar elevado ao ponto de contornar a expectativa, o que demanda certo nível de indiferença com aquilo que não lhe compete. No racional, passa a ser impossível ignorar a pergunta: Será que se importar tanto com os outros lhe compete ?
Na outra ponta, a do egocêntrico, a total falta de prioridade com o alheio cria um ambiente pseudo controlado de auto satisfação por se ser quem é cheio de subterfúgios para manter a culpa e a reflexão justamente no alheio. Uma lente bizarra que enxerga o mundo se dobrando os caprichos do observador, e que na verdade é uma faca enfiada no próprio peito por ele mesmo. Se o alheio não é prioridade, como lhe compete o seu próprio fracasso ?
Em um dia como hoje, não vejo outra opção além da fé. Aliás, o meio termo só existe se houver fé. Hoje não deu para ter fé em mim mesmo, então segurei nas mãos de Deus para ter no mínimo paz de espírito ao final do meu dia depois de tanta bagunça. Me perdoo por ter sido insuportável externamente mas não me perdoo por ter sido tão implacável comigo mesmo por dentro. Não só pela vã filosofia corriqueira mas pela verdadeira solidão que senti quando me vi diante de tantos questionamentos legítimos sem ter ninguém para compartilhar-los que talvez pudesse senti-los como eu. Talvez tenha tido opção, talvez tenha sido a realidade, talvez tenha sido só um sinal. Mais uma reflexão sem resposta. Aliás, a mesma dúvida que me acordou vai ser a mesma dúvida que vai me tirar o sono: O que é o ideal longe da demagogia das respostas simples de livros de auto ajuda ?
Vou dormir nesse barulho que eu mesmo fui procurar.