Eu sei que não parece, eu sei, mas não sou. Bem que eu queria essa auto estima, mas foi só uma brincadeira mesmo. Se eu fosse perfeito não seria calvo, não teria ansiedade e conseguiria lidar com todas as adversidades da vida de forma madura e racional. Não teria hoje perdido a paciência no trânsito e muito menos pedido para minha mãe parar de me bater no braço enquanto xingo os outros 😂.
Agora que eu descobri que não sou perfeito – carregado de ironia na descoberta – preciso me lembrar disso de vez em quando, pois as pessoas ao meu redor me cobram a perfeição com frequência e eu acabo me cobrando também. Seria muito legal me sentir perfeito sem ser na hora de me cobrar. Digo, minha auto estima ia ser MUITO maneira, e ela definitivamente não é tudo isso não.
Como um ser imperfeito, tenho questões e são MUITAS questões aqui no peito. Talvez a mais latente delas seja a sensação de que estou andando na direção errada na minha vida pessoal e a cada dia que passa parece que me afundo mais nesse sentimento estranho. Quando me deixou iludir por um bom momento ou um momento diferente vem a vida e PÁ na minha cara.
O meu maior e mais complexo problema tem sido de longe meu matrimônio, mas esse sentimento pode se extender para outros aspectos da minha vida. Tenho a constante impressão de que a cada vez que vejo um horizonte, algo extremamente bizarro me prende a aquela questão me congelando – de forma ilusória pois não é a situação que me congela, mas eu mesmo.
Dando um exemplo paupável: Há exatamente uma semana eu estava 100% disposto a levantar a bandeira branca e desistir do meu casamento. O motivo é que estou infeliz em um relacionamento tentando ser feliz nele de todas as maneiras possíveis e usando todas as ferramentas que tenho até aqui. TUDO parece insuficiente para resolver a questão. Eu pareço insuficiente para resolver a questão, e sou: Um relacionamento é feito de duas pessoas, e uma só não faz acontecer.
No começo foi culpa da pandemia: recém casados no meio daquele caos, obrigados a estar enclausurados 24/7, eu tendo que trabalhar e ela não, só podia dar merda.
Depois a culpa passou a ser do apartamento: eu havia alugado antes de casar e ela se mudou para ele, então ficou aquele lance de invasão de espaço – que na minha cabeça não existia, mas foi aceito como teoria. Compramos uma casa e nos mudamos.
Vida nova, novo começo, certo? Errado. Mesmos problemas, mesmas situações e minha tristeza e solidão foram se acentuando, talvez a dela também.
Esse ano, com a vinda da minha mãe, a coisa piorou de vez pois realmente não é fácil ter a sogra em casa. Quando minha mãe foi embora, achei que as coisas iam melhorar. Errado.
Foram muitas conversas, tentativas, momentos em que eu me senti um pedaço de esterco seco no pasto esquecido até por quem limpa aquela joça. O limite veio depois que cheguei de Nova Iorque com o retorno de cobranças das quais eu honestamente acho um exagero, e o não endereçamento das minhas demandas. Eu acredito no matrimônio e por isso fiz de tudo o que podia para consertar o que quer que estivesse quebrado – eu não sou do time que acha que tudo tem que ser trocado, definitivamente. Mas foi demais para mim
É isso. Chega.
“Estou grávida”….que?
BOOOOMMMM
Difícil de entender. Quer dizer, é fácil de entender como uma gravidez acontece, mas é realmente difícil entender a vontade de Deus. Pq agora ? É para insistir mais ? É para aprender com o erro dos meus pais ?
O momento que eu sempre sonhei veio da forma mais indigesta possível. Veio com um desânimo recheado de tristeza, porque agora preciso rever tudo dentro do meu coração. Preciso redefinir a rota. Queria ser perfeito como me cobram para não ter que passar por isso, mas não sou, nunca vou ser e isso é uma merda.