Hoje dediquei o dia para a minha mãe acompanhando-a na sua última quimioterapia do ano – talvez uma das últimas se os resultados forem bons nos próximos exames. Considero esse um momento emblemático já que foi eu quem esteve com ela logo que descobrimos o câncer e ajudei a segurar o primeiro baque junto com a família e amigos. Encarei o dia como uma recompensa e me senti abençoado por poder estar lá, por isso tentei manter o bom humor o dia todo – que é o meu estado natural e algo que sinto muita falta ao longo dos dias quando me sinto sob ameaça/pressão.
Como dediquei o dia para ela, refleti muito sobre a nossa relação e observei-a muito ao longo do dia. Temos muitas semelhanças e diferenças, e também muito carinho e cumplicidade. Mais importante do que isso, percebi que eu e ela estamos conectados de uma forma muito especial, e que essa doença trouxe essa conexão. Não precisava ser assim, mas foi e sou agradecido por ter esse despertar.
Ela estava muito estressada pela manhã, provavelmente porque deve ser incomodo saber que vai tomar uma bomba de remédios, e fiz questão de colocar o Leandro Bobo da Corte para trabalhar – e esse é um trabalhador nato. Fiz ela rir tantas vezes que perdi as contas, e admito que me faz muito feliz saber que ela está sorrindo por minha causa. Ela recebeu sua quimio enquanto eu trabalhava e voltamos batendo o tradicional papo misto sem pé nem cabeça que passa de relacionamentos até política.
Até o final do ano quero contar para ela o quanto eu a admiro e amo, e o quanto estou feliz de me sentir conectado com ela.
Depois do dia dedicado a minha mãe cheguei em casa e estou refletindo sobre o mix de sentimentos que ando vivendo. Sentimentos bons e surpreendentes, e sentimento de apreensão de saber que preciso movimentar a minha vida, seja isso bom ou ruim. Tenho decisões a tomar e preciso me movimentar para tirar da minha frente o que me impede de seguir em paz, só não sei se isso vai ser metafórica ou literalmente.
até amanhã